segunda-feira, 15 de março de 2010

Biodiversidade Marinha II


E ainda mais recentemente, em 1977, ao vasculhar o assoalho submarino, foram descobertos não apenas novos organismos, mas um ecossistema inteiro com características quase alienígenas, vivendo em escuridão quase total (só não podemos dizer total porque vez ou outra faísca uma luz tênue dos animais bioluminescentes), pressão de centenas de atmosferas, vulcanismo intenso, ambiente saturado de compostos de enxofre, jatos d'água sob pressão a 400 graus Celsius circundada por águas geladas. E habitando esses estranhos ambientes das fumarolas submarinas ou fontes hidrotermais, existem estranhíssimos animais sem boca, sem intestino, sem ânus e que, no entanto, podem atingir até 1,5 metro de comprimento, como os pogonóforos vestimentíferos.

E mais impressionante ainda: esse ecossistema funciona independentemente da luz solar. É que, diferentemente do que ocorre em terra firme e na parte iluminada do mar, onde a base da produção biológica está na fotossíntese dos organismos clorofilados, nesses locais profundos, a vida está na dependência direta de certas bactérias que realizam a quimiossíntese, ou seja, são capazes de utilizar os compostos de enxofre de onde obtêm energia e matéria para a síntese biológica e a subsequente manutenção do ecossistema.

Estudos recentes têm revelado evidências de que essas fumarolas submarinas são muito mais freqüentes do que se pensava, inclusive no Atlântico Sul, dando asas à imaginação de que talvez se possa encontrar outros fósseis vivos ou formas de vida organizadas em modelos ainda desconhecidos pela ciência.

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